quinta-feira, 20 de maio de 2010

um povo sem voz às margens de um rio sem lei

Idealizado desde o final da década de 70, o projeto da construção da UHE de Belo Monte é mais uma mostra de que o desenvolvimento irresponsável, para alimentar interesses de uma minoria, não respeita o meio ambiente e as vozes dos que são diretamente afetados.
O rio Xingu, onde se deseja implantar as barragens que servirão à usina, não é somente um patrimônio ambiental, mas é um símbolo, é parte da cultura indígena que se estabelece ali. O Estado finge se importar com o que eles têm a falar, mas suas línguas não o parecem familiar, seus choros de desespero não os sensibiliza e suas armas em protesto são tão inofensivas que o Estado nem as leva em consideração.
Lembro-me do imperialismo do final do século 19, onde os “Estados desenvolvidos” não abriram mão de seu poder e usaram suas artimanhas para esvaziarem as riquezas das terras dominadas, sem considerar que ali existiam povos e culturas que dependiam e que até hoje sofrem com a falta desses recursos.
Os indígenas, e também os ribeirinhos das margens do rio Xingu, estão prestes a serem vítimas de um neo-imperialismo, de um novo “roubo histórico”, de uma nova insensibilidade daqueles que detêm o poder. Serão ignorados, apesar de terem razão. serão expulsos, apesar de terem direito da posse. Serão esquecidos, quando deveriam ser os primeiros lembrados...

Um comentário:

  1. Sobre o "ataque" ao engenheiro da eltrobrás.

    É claro que ninguém gostaria de estar na pele daquele engenheiro. Mas a questão não é só esta. É também outra. Alguém gostaria de estar na pele daqueles indígenas? Suponhamos que um engenheiro da Eletrobrás vá até a sede da rede Globo com mapas, plantas e normas técnicas e diga:

    "Estão vendo aqui? – aponta para o mapa. Toda esta área maior que contém os estúdios da Globo no Rio de Janeiro dará lugar a um grande lago artificial. Em alguns anos será construída uma barragem daqui até aqui – aponta para o mapa e para a planta – represando este rio. Infelizmente, vocês terão que ser removidos. Ao lado da favela da Rocinha há uma área que será destinada para vocês. Tudo ficará bem."

    Qual seria a reação dos donos da Rede Globo? Certamente não seria a mesma que os jornalistas da companhia tiveram ao fazer a cobertura do conflito no Pará.

    ResponderExcluir